Houve um pesadelo no meu sonho na noite passada. O mar era de estrelas e eu acidentalmente me afoguei nele. Lembro-me de não estar sozinho, e os rostos que me cercavam eram coloridos, mas eles estranhamente me cegavam. Eu desatinei na maior parte do sonho em tentar conseguir pegar o maior número de estrelas. Os semblantes ao redor me acompanhavam nessa disputa incansável. Ao carregar uma estrela as pernas flutuavam um centímetro mais a cima, fazendo com que nossos pés chegassem ainda mais perto da onda do mar. O intuito de andar sobre a água foi se tornando sonho para uns e pesadelos para outros. Tudo se misturou com a realidade. Alguns se agarravam e lutavam contra estranhos objetos que caíam do céu, dificultando o caminho ao horizonte.
Os nossos olhos enxergavam um sol vermelho a diante. Os mais velhos nos contavam histórias sobre ele: “Ali é a estrela da vida” , diziam. Minhas pequenas pupilas se dilatavam com a esperança de encontrar o final para a minha peregrinação.
Na metade do pesadelo senti meus pés se afundarem lentamente, as incontáveis estrelas não suportavam a pequenina palma da minha mão. Recordo-me do sangue que escorria sobre meus dedos, apertei-as com tanta força que cortes eram feitos sobre mim.
As águas percorriam quase todo meu corpo quando me vi já flutuando sobre o oceano de estrelas. Eu adormeci no fundo mar, me afogando em mudez.
Quando acordei um velhote de barba estranha sussurrou-me: “Suas estrelas chegaram ao sol vermelho e se tornaram uma só, obrigada, menino.”
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